segunda-feira, 20 de abril de 2015

Novo algoritmo do Google pode dificultar a vida das pequenas empresas a partir de amanhã

Novo modelo de busca vai praticamente esconder os sites que não contam com versão adaptada para dispositivos móveis


A partir de amanhã, terça-feira, 21 de abril de 2015, o Google tem programado uma atualização importante em seus critérios de classificação de busca móvel, transformando a vida de empresas que contam com o buscador para impactar seus clientes em potencial. 
A empresa vai colocar em atividade um novo algoritmo que modificará a ordem em que os sites são classificados quando os usuários executam pesquisas a partir de smartphones ou tablets. 
Segundo reportagem publicada no site Business Insider, o novo algoritmo vai claramente priorizar os site adaptados para a navegação por dispositivos móveis no critério de seleção. 
Fatores como tamanho dos textos, facilidade de aceso a links e cliques, e o redimensionamento do site para se adaptar a telas menores serão considerados fundamentais. E quem não se adaptar ao formato será relegado ás piores posições nos resultados de pesquisa, praticamente sumindo do raio de visão do usuário dentro do buscador.
A mudança não vai afetar quem navega na web através de computadores tradicionais, os desktops, embora hoje em dia sabe-se que por volta de 60% dos consumidores globais fazem suas operações virtuais a partir de um celular ou um tablet.
E é justamente ai onde começam os problemas para o pequeno empresário brasileiro. Muitos negócios de pequeno porte não contam ainda com uma versão de seu site adaptável para os dispositivos móveis.
Respaldados por levantamentos como o F/Radar - estudo realizado pela agência F/Nazca aponta que quase a metade dos internautas brasileiros faz uso de tablets e smartphones para acessar a internet -, os especialistas dão como urgente e obrigatória a conversão das home pages corporativas para uma tecnologia capaz de se adequar a qualquer dispositivo.
Os custos de adaptação à nova tecnologia, como todo investimento na internet, dependem do nível de sofisticação programada. Mas em agências e consultorias especializadas, os preços partem de 30% do desembolso já realizado com a versão tradicional do site, podendo alcançar até três vezes o valor total da página da empresa na web. 
“Acho cada vez mais fundamental. É inevitável preparar o site para celulares e tablets. O investimento, devido ao custo e benefício, vai se diluindo com o tempo”, afirma Lucas Longo, fundador e professor do Instituto de Artes Interativas.
Leandro Ginane, sócio da deviceLab, consultoria especializada em teste de eficiência de sites e aplicativos, vai além. Para ele, a migração de tecnologia é questão de vida ou morte nos negócios atualmente.
"Independentemente da forma que está sendo acessado, se por smartphone ou desktop, se um site demorar mais do que três segundos para abrir, temos pesquisas que comprovam, 57% das pessoas tendem a abandonar a página. Se você tem um site que é projetado apenas para desktop, é natural que ele seja mais pesado no mobile”, afirma o especialista.
Ginane é defensor de uma tecnologia chamada ‘design resposivo’, que reconhece o tipo do aparelho que acessa a internet e adapta o layout e os recursos da página para ampliar a capacidade de navegação. “O problema é que, no Brasil, o empresário ainda não se atentou para isso. Acontece muito de se acessar um site pelo celular e aparecer aquele formato em que as letrinhas ficam pequenas e o leitor fica aumentando com o zoom, com os dois dedos, para poder ler. Essa é uma situação péssima de uso”, destaca Ginane. 
Com relação aos aplicativos, que ficam como ícones de atalho nos dispositivos, a sugestão de Luiz Carlos Vieira, professor do curso de pós-graduação em gestão em web do Centro Universitário Senac, é de que o empresário deve ter cautela. “O aplicativo é muito interessante, mas exige um investimento maior e só vai funcionar quando o site oferecer um serviço adicional e recorrente aos clientes.” Com informações do jornal O Estado de São Paulo.

domingo, 4 de março de 2012

Egotrip e a sua Viagem ao Fundo do Ego


Cládio Marcos
Radialista e Jornalista

Era uma sábado à noite, verão de 2012 em Brasília, de repente recebi uma ligação de um grande amigo de Minas Gerais – o famoso Dr. Rogério. A menção “doutor”, claro, é uma brincadeira já que ele é um “Operador do Direito”. Advogado mesmo, sabe. Formado com OAB e tudo. Um sujeito engraçado, inteligente e que também compartilha do gosto pela música. Ele estava em uma festa com amigos e queria de todo modo se lembrar do nome daquela banda de rock dos anos 80, formada por músicos renomados e que tinha o filho do Gilberto Gil, Pedro Gil como baterista e teclados. Outros nomes célebres como o baixista Arthur Maia (Baixo, Vocais e Teclados), Nando Chagas (Vocais, Guitarra e Teclados), Francisco Farias (Guitarra e Teclados), José Rubens (Saxofone e Teclados) faziam parte da banda. Aliás, trágica lembrança, afinal a banda Egotrip, chegou ao fim após a morte de Pedro Gil, em um acidente de carro em 1989 no Rio de Janeiro. Em três minutos lembramos da Egotrip, e imediatamente veio à memória a música Kamikaze, uma balada, um dos dois únicos grandes sucessos da banda. Atípica para os padrões, afinal a música tem exatos seis minutos de duração, com introdução de um minuto, se desenvolve com muita melodia, muito bem elaborada. O grande hit do Egotrip foi “Viagem ao Fundo do Ego”. Uma guitarra com uma pegada bem rock and roll. Tornou-se um grande sucesso após ser incluída na trilha sonora da novela Mandala da Rede Globo. Infelizmente a banda acabou pouco tempo depois, mas certamente está registrada na história do rock Brasil. O disco foi produzido por Luiz Carlos Maluly que produziu nomes como Camargo Mariano, Banda Metrô e Banda RPM. O disco foi sim, feito às pressas, e por isso mesmo só tinha oito faixas. Mas, neste contexto, isso agora pouco importa.

Curiosidade
(?) Só por curiosidade, você sabe o que significa a palavra “Egotrip” que deu nome a banda? Não vou me atrever a explicar de forma grosseira, por isso mesmo, recorri ao blog Crônicas Atípicas – não consegui identificar o autor, mas que o crédito seja dado – para esta definição. Segundo ele, “é um estilo de escrita”. "Ao pé da letra: é a junção de duas palavras Ego (do latim, “eu”) e trip (do inglês, “viagem”), ou seja, é basicamente uma viagem ao ego, uma viagem do eu”, define o blog. Que prossegue: “Na literatura, geralmente algo que você escreve se torna uma Egotrip quando você começa tratando de algo específico e, de repente, começa a falar sobre você, seja fictício ou não. O que importa é que você esteja no meio. Se aconteceu ou não, tanto faz”. O que vale é narrá-lo em primeira pessoa. Uma Egotrip não é necessariamente nostálgica, mas também pode ser, define. Gostei disso. Já passei por uma Egotrip algumas vezes escrevendo.

Poesia no Rock

Apesar das lembranças, o tema central deste blog não é a história das bandas, e sim a poesia existente nas letras do rock nacional. Este é o foco das nossas divagações aqui. Pela casualidade da ligação recebida, vou começar com a banda Egotrip e a sua “Viagem ao Fundo do Ego”. O trecho que principal que merece destaque aqui é este:
 
Explorador sem experiência, marinheiro de primeira viagem...

Embarquei de peito aberto levando só coragem...

Perdi tudo que eu tinha e o que eu tinha era só coragem...


Coragem pra enfrentar, frente a frente eu comigo...

Como se enfrenta um irmão no exército inimigo...


Coragem pra encarar, frente a frente eu no espelho...

Como se encontra um irmão que lhe nega um conselho...
 
A letra destaca a fragilidade trazida inevitavelmente pela inexperiência, que pode ser aplicada a qualquer área da vida. A coragem é o único item existente nesta bagagem mínima. Aliás, item de primeira necessidade. Coragem, ousadia, vontade, determinação são elementos que devem andar juntos neste momento.  “Coragem pra enfrentar, frente a frente eu comigo...” Digamos não ser uma tarefa fácil para aqueles que conseguem chegar a este ponto. A uma reflexão tão profunda sobre a sua própria vida, seus atos, sua conduta, seus exemplos, e principalmente, qual é a nossa verdadeira missão por aqui. Se olhar de frente no espelho e enxergar algo atrás daquela imagem que nós construímos, ou que nós projetamos para os outros, é fácil. Muitos fazem isso. Mas, olhar para a imagem que pode existir por trás deste avatar e um desafio pra poucos.  E por fim, “Como se encontra um irmão que lhe nega um conselho...” A letra enfim é de uma profundidade incrível. O rock nacional se consolidou e se tornou o que é, sobretudo a letras fortes e conteúdo reflexivo  como esta. Graças também a um contexto histórico-social de liberdade, rebeldia, discurso social e poesia que infelizmente hoje em dia se tornou tão raro as novas bandas.
Afinal, quem viveu o rock dos anos de 1980 dificilmente vai se render ao que é feito hoje, salvo, claro, as boas e raras exceções ! Ainda falaremos delas em outra oportunidade ! Vamos dar um Restart no lado musical do nosso cérebro !!
Até a próxima !!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Pesquisadores propõem criação de empresa brasileira de inovação

Instituição da empresa, que estaria subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, é a principal proposta apresentada pela SBPC em livro lançado com a Capes

Aloizio Mercadante, ministro da Educação, voltou a defender que cerca de 30% dos royalties do pré-sal sejam destinados ao financiamento da educação, ciência e tecnologia, pelo menos por 10 anos. O apelo foi feito durante o lançamento do livro Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Competitivo, nesta quinta-feira, 1º de março, no auditório da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Se o Brasil pulverizar esses recursos para prefeitos e governadores estará cometendo a maior irresponsabilidade da história. Nós precisamos assegurar um projeto consistente para o futuro porque sabemos que o petróleo vai acabar”, disse.
Alinhada ao discurso de Mercadante, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, aplaudiu o ministro e disse que “se a população soubesse com clareza do que se trata o dinheiro da exploração do petróleo estaria nas ruas, já que daqui a 15 dias deve haver a votação na Câmara dos Deputados para decidir o rumo dos royalties”. Para ela, qualquer um prefere uma educação de primeiro mundo para as próximas gerações do que uma nova calçada. O Senado aprovou no ano passado a divisão dos royalties entre União, estados e municipios.
Helena Nader também lamentou o corte de quase 23% no orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, anunciado em 15 de fevereiro pelo governo federal. “Dinheiro para ciência e tecnologia deve ser visto como investimento, não como gasto”, afirmou.
LIVRO – A principal proposta do livro Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Competitivo, elaborado pela SBPC em parceria com a Capes, é criar a Empresa Brasileira de Tecnologia e Inovação (Embrati). A empresa seria subordinada ao MCTi e composta por Unidades de Pesquisa Descentralizadas (UPDs), cada unidade responsável pelo desenvolvimento de um setor, como o farmacêutico, de semi condutores, softwares e de bens de capital. “Precisamos de um órgão coordenador de inovação que tenha poder decisório”, explicou Roberto Mendonça Faria, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo de Trabalho da SBPC responsável pelo livro.
A Embrati segue o mesmo modelo da Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial (Embrapi), anunciada por Aloizio Mercadante. As duas devem desenvolver projetos de inovação para atender as indústrias. Ambas seriam geridas com participação público-privada. “Acho a ideia muito boa, só teremos um problema de nomenclatura, pois a Embrapi parece que tem os mesmos objetivos”, disse o ministro.
Marco Antônio Raupp, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, que também participou da cerimônia de lançamento, assina a apresentação do livro, enquanto presidente da SBPC entre 2007 e 2011. “Participei de perto desse projeto. A ideia surgiu quando a Sociedade Brasileira de Física fez um trabalho sobre como a Física contribui para o crescimento do Brasil”, disse. Jorge Guimarães, presidente da Capes, comentou que Raupp foi o impulsionador do livro. “Ele viu que isso não poderia ficar restrito a Física e abriu para toda a ciência, Tecnologia e Inovação”.

Da Secretaria de Comunicação da UnB

                                              Foto: Helena Nader, Presidente da SBPC 

Ficha limpa para Executivo tramita desde abril na Câmara

Autor da proposta, Sandro Alex diz não haver racionalidade na indicação de fichas sujas para cargos não eletivos

Desde 2010, quando o Congresso aprovou a Lei Complementar 135/2010 – a chamada Lei da Ficha Limpa –, foi imposta à classe política a obrigação de idoneidade dos aspirantes a cargo eletivo. Definidas as condições de inelegibilidade, outras iniciativas foram ganhando corpo, originadas em diversas frentes da sociedade. Uma das primeiras, e que está com tramitação mais adiantada, é a Proposta de Emenda à Constituição 11/2011, de autoria do deputado Sandro Alex (PPS-PR). Em trâmite desde abril de 2011 na Câmara, a proposição pretende estender aos cargos do Executivo os efeitos da nova legislação, impedindo que pessoas com as complicações estabelecidas naquela lei complementar sejam nomeadas para qualquer tipo de cargo no poder.

A matéria altera a redação do artigo 87, determinando que seja vedada a nomeação para o cargo de ministro “daqueles que tenham sido considerados inelegíveis pela Justiça Eleitoral para qualquer cargo, durante o prazo da inelegibilidade”. A vedação também vale para funções com status “idêntico ou equiparado” às de ministro de Estado, “bem como para os Secretários Executivos dos Ministérios e demais órgãos da administração direta”.
“[...] a exigência da probidade e da moralidade para o exercício de funções e cargos públicos vem ganhando grande atenção da sociedade brasileira, cada vez mais indignada com a corrupção”, diz em sua justificativa o deputado Sandro Alex, ressalvando que a “ideia inicial” da apresentação da PEC foi do colega Alexandre Silveira (PPS-MG), que se afastou do mandato no início de 2011 para assumir a Secretaria de Gestão Metropolitana de Minas Gerais. Sandro revela ainda que serviu de “inspiração” a iniciativa do deputado estadual Marcelo Rangel (PPS-PR), que protocolou proposição semelhante na Assembléia Legislativa do Paraná.

Na proposição, o deputado questiona um “paradoxo” existente no “ordenamento jurídico brasileiro”. “Ser candidato [com base na lei] não pode, mas ser ministro de Estado, por exemplo, pode?”, reclama o parlamentar. Ele argumenta que, se um pleiteante ungido pelas urnas pode ser declarado inelegível, mesmo com o esteio do voto popular, por que não o seria alguém sem qualquer respaldo eleitoral, que ocupa espaços “apenas por serem aliados do governo da ocasião”?

O deputado acredita que, se não está apto a exercer cargo eletivo, considerando os preceitos de probidade, o agente público com a ficha suja não pode realizar determinadas tarefas. “Como uma pessoa que está inelegível pode cuidar de orçamentos públicos, por exemplo? Ela não tem probidade, não pode nem legislar, quanto mais cuidar da execução de dinheiro público”, acrescentou.

Mudança de postura
Em entrevista ao Congresso em Foco, Sandro Alex disse ter conseguido 220 assinaturas de adesão para viabilizar a PEC – 49 além do número mínimo exigido para o protocolo desse tipo de proposição (171). Para o parlamentar paranaense, embora o número significativo de adesões indique o contrário, a tramitação da matéria não terá vida fácil.
“Não é fácil, ainda mais quando se trata de assunto político. Trata-se de uma mudança de regra que tem a ver, diretamente, com os políticos. Mas com o julgamento da ficha limpa no Supremo Tribunal Federal, muita gente dizia que o projeto não ia dar em nada. Alguns segmentos sociais não estavam acreditando que a lei ia valer”, compara Sandro, para quem o descrédito do cidadão em relação à classe política já foi muito maior.

O deputado lembra que seu projeto abarca nomeação de cargos em autarquias, fundações, sociedades de economia mista e demais instâncias da administração pública, o que garante a eficácia e a abrangência da legislação. “Ela [a PEC] é complexa, e pega tudo. A pressão [popular] vai ser enorme, o país está pedindo isso”, declarou, adiantando que será formulado pedido de urgência para a tramitação.

Otimismo

A matéria tramita em regime especial, com previsão de votação em plenário, e já foi distribuída à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Ainda falta designação de relator no colegiado (confira o passo a passo da matéria). Otimista, Sandro diz acreditar que a proposição alcançará seus objetivos, e que não há qualquer traço de inconstitucionalidade em seu teor.

“Vamos impedir que o ficha suja ganhe cargos no Executivo. Nós estamos fechando as portas para que gente desse tipo. Eles estão em empresas e órgãos de toda natureza, fora o que a gente conhece em torno dos ministérios e dos órgãos de chefia”, criticou o deputado, para quem mesmo os servidores concursados de qualquer órgão da administração pública devem ser enquadrados na lei. “Eles têm de obedecer pré-requisitos para poder fazer concurso.”

Para Sandro Alex, o atual nível de politização da população brasileira, embora ainda longe do ideal, garante a receptividade de iniciativas similares à Lei da Ficha Limpa. “Não há como um agente público hoje não respeitar a opinião pública. Isso já faz parte da política brasileira, e a população cobra ainda mais. Recebi apoiamento tanto da oposição quanto do governo. É um projeto popular, e não de oposição e governo”, finaliza o deputado, membro titular da Comissão Especial de Reforma Política.

Congresso em Foco

TSE decide que político que tiver contas rejeitadas ficará inelegível


Nova restrição se soma à da Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de condenados por colegiados e de políticos que renunciam para evitar processos; candidatos poderão recorrer

BRASÍLIA - Os políticos que tiveram prestações de contas rejeitadas em eleição anterior estão barrados no pleito deste ano. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mudou nesta quinta-feira, 1º, uma interpretação que estabelecia como condição para o registro de candidaturas apenas a apresentação das contas, e não a necessidade de que tenham sido aprovadas.

 Cerca de 21 mil políticos integram o cadastro da Justiça Eleitoral de contas rejeitadas e estão, por ora, impedidos de disputar um cargo em 7 de outubro. Após as eleições, todos os candidatos têm de prestar contas sobre gastos e arrecadações da campanha.
"Quem não tiver quitação eleitoral (conta aprovada), não terá o registro (da candidatura)", resumiu o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski. Essa nova restrição se soma à da Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de condenados por órgãos colegiados e de políticos que renunciam para evitar processos de cassação, chancelada em fevereiro pelo STF.
O novo impedimento para candidaturas consta de uma resolução aprovada ontem pelo TSE. A norma estabelece regras para a eleição deste ano. O prazo de impedimento das candidaturas deve ser estabelecido pela Justiça Eleitoral durante o julgamento de cada caso. Esse detalhe deve provocar questionamentos judiciais de políticos que forem barrados neste ano. Mas o TSE definiu que, enquanto a Justiça não analisar as contas de um candidato, ele pode disputar a eleição.
Confusão. Até quinta-feira, o TSE considerava que só quem não apresentava prestação de contas estava fora da disputa, mas os julgamentos tiveram placares apertados. A decisão de ontem, por 4 votos a 3, poderá em tese ser contestada no próprio TSE e no Supremo Tribunal Federal (STF), criando uma confusão durante o período eleitoral, a exemplo do que ocorreu com a Ficha Limpa. A constitucionalidade da resolução poderá ser questionada por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) apresentada, por exemplo, por um partido político.
No entanto, a expectativa de sucesso no Supremo não é grande. O tribunal decidiu recentemente, durante o julgamento da Lei da Ficha Limpa, que as condições de elegibilidade dos políticos são verificadas no momento do registro da candidatura.

Fonte: Estadão

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Relator do Ficha Limpa libera processo para votação no STF

Supremo julgará ação da OAB que pede definição para a eleição de 2012. Presidente da Corte disse que ainda não há data para votação em plenário.


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux liberou para votação no plenário do tribunal o processo que definirá a validade da Lei da Ficha Limpa para as eleições municipais de 2012. Fux é o relator de uma ação, ajuizada em maio deste ano, em que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pede que o STF declare a ficha limpa constitucional para ser aplicada no pleito do ano que vem.

Quem define a pauta de votação é o presidente da Corte, ministro Cezar Peluso. Peluso informou ao G1 que ainda não definiu a data do julgamento, mas que não pretende esperar a indicação do 11º ministro da Corte. Segundo ele, a intenção é julgar "o mais rápido possível".

Ainda não há previsão de quando a presidente Dilma Rousseff deve indicar o novo ministro que assumirá a vaga deixada por Ellen Gracie, que se aposentou.

Há ainda outras duas ações que pedem que o Supremo decida sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2012 que também estão prontas para a votação em plenário. Um dos pedidos é do PPS e outro da Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL).

A lei da Ficha Limpa veta a candidatura de políticos condenados por órgãos colegiados ou que renunciaram a mandato eletivo para escapar de cassação. Em março, o Supremo derrubou a validade da ficha limpa para as eleições 2010, mas não analisou se a norma fere a Constituição. A maioria dos ministros da Corte entendeu que, com base na Constituição, a norma não poderia ser aplicada no mesmo ano em que entrou em vigor.

Mesmo após essa decisão, o debate sobre o assunto não se encerrou. Apesar de válida para as eleições de 2012, a Lei da Ficha Limpa ainda pode ter sua aplicação questionada.

Em entrevista ao G1 no começo deste mês, o ministro Luiz Fux afirmou que vai enfrentar todos os pontos de conflito da lei, como a validade para condenações anteriores a sua vigência.

"Eu vou julgar todas as questões, não vai ficar nenhuma dúvida. Não vai ficar pedra sobre pedra. As eleições vão se realizar com pleno esclarecimento da população sobre o que pode ou não se pode fazer, quem pode se candidatar e quem não pode se candidatar", afirmou o ministro na entrevista.

Fonte: G1

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Servidores do Senado ganhavam até R$ 42 mil mensais


Antônio Costa e Sarah Abrahão: salários de mais de R$ 30 mil.

Exclusivo do Congresso em Foco: antes da ordem judicial que mandou cortar qualquer pagamento que excedesse o teto do funcionalismo, dezessete servidores ganharam mais de R$ 30 mil por mês na Casa, e uma admitiu ao site ter ganho R$ 42 mil. Veja quem são os superassalariados do Senado

Apesar das tentativas reiniciadas neste mês, os onze ministros do Supremo Tribunal Federal não conseguem fazer virar realidade o aumento dos seus subsídios, de R$ 26.700 para R$ 30.675,48 por mês. O vencimento dos ministros do STF é o teto salarial do funcionalismo, e por lei, nenhum outro servidor poderia ganhar mais do que isso. Entretanto, já em agosto de 2009, 17 servidores do Senado ganhavam mais de R$ 30 mil brutos. É o que revela auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), obtida com exclusividade pelo Congresso em Foco. Essa auditoria embasa a decisão judicial que, em junho e julho, determinou que todos os órgãos da Administração Pública cortassem os vencimentos pagos que excediam o salário dos ministros do STF, o chamado “abate-teto”. A decisão judicial é resultado de uma ação do Ministério Público. Desde julho, o Senado vem respeitando o abate-teto, cortando os pagamentos excedentes. Mas recorreu da decisão judicial, e já conseguiu uma nova decisão que autoriza desconsiderar do abatimento o pagamento de horas-extras.

O Congresso em Foco descobriu que há pelo menos um caso de salário maior ainda que os identificados pelo TCU. Em conversa com o site, a servidora Maria Aparecida Santos Pereira admitiu que, somado o que ela ganhava de aposentadoria com o que ganhava numa função comissionada, seu vencimento chegava a R$ 42 mil.

A lista dos supersalários do TCU é encabeçada por um jornalista braço-direito do ex-senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). Ele ganhou, em agosto de 2009, R$ 35.209,05 por mês, mais de R$ 10 mil a mais que o teto do Supremo da época, do teto atual e do possível teto do funcionalismo. Naquele mês, o ex-diretor-geral do Senado Manoel Vilela de Magalhães já recebia mais do que o que hoje pede o ministro Cézar Peluso, presidente do STF. O projeto de lei com o reajuste reivindicado por Peluso está parado na Câmara, com indicativos desfavoráveis do governo Dilma Rousseff pelo impacto orçamentário que provoca.

Inicialmente, Vilela negou ter recebido mais do que um ministro do Supremo. “Eu nunca recebi acima do teto. A vida inteira o senado sempre procedeu de acordo com a lei”, disse ao Congresso em Foco, apesar de seu nome e salário constar da auditoria do TCU.

Homenageada
Assim como Vilela, a ex-secretária-geral da Mesa do Senado Sarah Abrahão ganhava mais que os magistrados do STF. Foram R$ 34.479,24 há dois anos. Ainda funcionária na ativa, apesar de já ter se aposentado uma vez, ela disse ao site que até junho passado recebeu um pouco mais: R$ 35 mil brutos aproximadamente. Mas em julho houve o corte na remuneração. Agora, a Casa retirou o pagamento por uma função comissionada que a fazia estourar o teto. “Tirou o cargo em comissão. Trabalhei o mês todo, mas não recebi”, afirmou Sarah, que foi homenageada no ano passado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), por atuar há mais de 50 anos no serviço público.

É a mesma a situação do ex-chefe de gabinete do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o advogado José Lucena Dantas. Ele recebia R$ 34.409,24 há dois anos, como funcionário concursado. Já aposentado, ele voltou a trabalhar no Senado, num cargo em comissão no gabinete do tucano Tasso Jereissati (CE) até o início do ano. Hoje, retomou a aposentadoria, mas atua como consultor do Instituto Teotônio Vilela, braço intelectual do PSDB. Dantas não quis falar com a reportagem.

Mais de R$ 42 mil
De acordo com a listagem do TCU, a consultora legislativa e servidora do gabinete do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) Maria Aparecida Pereira ganhou R$ 30.821,53 brutos em agosto de 2009. Mas em entrevista ao site, ela admitiu que seus vencimentos eram ainda maiores. Chegavam a mais de R$ 42 mil.

Aparecida enfatizou que nenhuma das duas fontes – a aposentadoria pela Consultoria Legislativa e o cargo em comissão no gabinete – extrapolava sozinho o teto constitucional. Segundo ela mesma, seu benefício previdenciário superava o teto – hoje, em R$ 26.700 – mas era reduzido ao valor dos ministros do Supremo ao receber um desconto de mais de R$ 1 mil. A outra fonte, o trabalho com Vital do Rêgo, lhe rendia cerca de R$ 16 mil brutos.

Para ela, a acumulação que lhe garantia R$ 42 mil é legal. “Estou no teto porque sou uma funcionária qualificada. Os ministros não recebem quando têm outro vínculo?”, questionou ela.


15% do total
De acordo com a auditoria do TCU, o Senado pagou R$ 157 milhões por ano indevidamente aos servidores por uma série de irregularidades constatadas, apesar de a Casa considerar “apressada” essa conclusão. Só com os salários acima do teto dos 464 servidores da listagem obtida pelo site, o tribunal entende que foram desperdiçados cerca R$ 11 milhões por ano.

Isso significa que, sozinhos, os 17 servidores com os maiores salários, aqueles acima de R$ 30 mil por mês, causaram um prejuízo de 15% do total avaliado pelo TCU. Ou seja, em agosto de 2009, foram pagos R$ 124 mil a mais para esse pequeno grupo de funcionários, o que representa R$ 1,6 milhão por ano, considerados todos os pagamentos, inclusive o 13º salário.

Eduardo Militão - Do Congresso em Foco