domingo, 5 de junho de 2011

Veja faz nova denúncia contra Palocci - Oposição defende instalção de CPI

Isabel Braga e Cristiane Jungblut - O Globo

Foto: Estadão - Ministro-Chefe da Casa Civil, Antonio Palocci
BRASÍLIA - Para a oposição, a denúncia de "Veja" de que o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, mora em um apartamento alugado cujos proprietários confessaram ser laranjas de uma empresa de fachada soma-se às demais suspeitas que pesam contra ele, agravando sua situação e reforçando a necessidade de uma CPI e de sua convocação no Congresso.

Já os líderes da base tentaram minimizar o caso, argumentando que nenhum locatário tem a obrigação de comprovar a idoneidade do proprietário do imóvel, quando o contrato é feito por intermédio de uma imobiliária.

Para os líderes da oposição, porém, Palocci é um homem público, que ocupou e ocupa cargos importantes. Teria que se preocupar em saber de quem aluga o apartamento em que mora. Os líderes voltaram a insistir que o atual ministro não tem mais condições de permanecer no cargo.

- Ele fez operação com laranja, é inquestionável. Como homem público, não pode morar em um apartamento cuja propriedade desconhece. Palocci colocou o governo Dilma na crise e o governo só sairá dela quando ele sair da Casa Civil - disse o líder do DEM na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), acrescentando:

- Caso ele esteja ministro até terça-feira, nosso esforço será garantir o depoimento dele na Câmara.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP) insiste na realização da CPI mista no Congresso para investigar as denúncias contra o ministro:

- Há um emaranhado de fatos que só com a quebra de sigilos é possível investigar. Não há outro caminho senão uma CPI, que daria mais agilidade à investigação.

A oposição tenta, há duas semanas, coletar as assinaturas para a criação de uma CPI mista, mas conseguiu pouco mais de 100 assinaturas na Câmara e 18 no Senado, quando são necessárias pelo menos 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores.

Líder dos tucanos no Senado, Álvaro Dias (PR) cita a sucessão de denúncias envolvendo Palocci desde sua gestão como prefeito de Ribeirão Preto e destaca que a resistência do governo Dilma em mantê-lo pode ser um sinal comprometedor.

- Deixa margem a ilações de que há envolvimento de dinheiro da campanha de Dilma. Ou o que mais justificaria essa blindagem toda? - critica o tucano.

O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE) diz que a situação do ministro se agrava dia a dia:

- Fazer aluguel de imóvel com um laranja não é uma boa história. É um aluguel elevado, Palocci é muito visado, seria mais prudente saber de quem alugou. Sem explicar quem o contratou, para que tipo de serviço e por quanto, fica difícil permanecer no cargo. Neste momento, a preocupação de muita gente já é saber quem virá para o lugar dele.

Os governistas reagiram em defesa de Palocci. Para o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), ninguém, nem a oposição, investiga o locatário do imovel que aluga por meio de imobiliária. O ministro paga pelo aluguel R$ 13,5 mil mensais, segundo contrato que sua assessoria enviou ontem á imprensa, além de condomínio de R$ 4,6 mil, segundo "Veja".

- É forçar a barra. Ninguém aluga imóvel investigando quem é o locador, não é hábito, nem a oposição faz isso. O critério é localização, conforto e preço. Palocci já tinha atividade empresarial e o valor cabia na renda dele. Ele disse ter dinheiro aplicado - disse o petista.

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que Palocci tem condições de se explicar sobre a questão do aluguel de um apartamento de empresa suspeita.

- Acreditamos que o Palocci vai se explicar corretamente.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que as explicações devem ser dadas pelo locador, o dono da empresa, e não pelo locatário, que é Palocci.

- Ele não pode ser cobrado por apartamento de terceiros - disse Jucá.





 

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